quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

sábado, 13 de junho de 2009

Carater Cristão

AS TRÊS DIMENSÕES DO CARÁTER CRISTÃO

Caráter, sua dimensão etimológica
O termo "caráter" procede do grego "charaktēr" e significa literalmente "estampa", "impressão", "gravação", "sinal", "marca" ou "reprodução exata". O vocábulo português encontra-se na Almeida Revista e Atualizada (ARA), nos texto de Mt 10.41 e Fp 2.22. Porém não traduz o original "charaktēr", mas o grego "onoma" (nome) nas duas ocorrências mateanas e "dokimē" (qualidade de ser aprovado) em Filipenses. A tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC) verte a palavra na perícope de Mateus por "qualidade de profeta" e "qualidade de justo". A Nova Versão Internacional (NVI), traduz por "porque ele é profeta", "porque ele é justo".
Não há qualquer contradição nas traduções, uma vez que o substantivo "onoma" permite qualquer uma dessas versões. Em o Novo Testamento, "onoma" significa "pessoas" em Ap 3.4, "reputação" em Mc 6.14 e possivelmente "caráter" em Mat 6.9. O nome (onoma) no contexto hebreu corresponde "as qualidades de uma pessoa". Logo, a tradução de "onoma" refere-se à natureza ou categoria do trabalho realizado pelo discípulo de Cristo, e, não necessariamente ao "caráter", como virtude moral. Já o vocábulo "dokimē", traduzido por "caráter" (ARA), "experiência" (ARC) e "aprovado" (NVI), possui o mesmo sentido de Rm 16.10, isto é, "testado e aprovado". O termo, nesse contexto, sanciona a qualidade moral e a experiência dos personagens envolvidos – Apeles e Timóteo foram testados e aprovados como bons obreiros de Cristo. Literalmente o termo significa "a qualidade de ser aprovado". Essa aprovação somente é ratificada depois que o "caráter" foi minuciosamente testado.
A única ocorrência da palavra "charaktēr" em seu sentido verbal e imediato encontra-se em Hebreus 1.3. No exórdio epistolar, o literato afirma que nosso Senhor Jesus Cristo é "a expressa imagem" da pessoa de Deus. Ele é o "charaktēr" – a "estampa", a "gravação" ou "reprodução exata" – da "hypóstasis" ("substância", "essência" ou "natureza") do próprio Deus.
Um outro termo grego usado para definir o substantivo “caráter” é “ēthos” (hvqoj). Porém, algumas explicações são necessárias. A ética filosófica costuma distinguir entre ēthos e ethos. A diferença está na vogal longa “ē” (ē – thos) que, infelizmente, não possui corresponde em língua portuguesa. Quando os gregos falavam em ethos, com vogal breve, referiam-se à “ética” (ethiké), em latim, mores, isto é, moral. O termo aludia aos costumes sociais que eram considerados valores necessários à conduta do cidadão na pólis (cidade). Todavia, empregavam “ēthos” (hvqoj) quando desejam descrever o caráter e o conjunto psicofisiológico de uma pessoa. Por extensão, “ēthos” se refere às características peculiares de cada pessoa. Esses traços individuais determinavam as virtudes e os vícios que um cidadão da pólis era capaz de levar a efeito. Essas peculiaridades são explicitamente resgistradas por Aristóteles em Ética a Nicômaco. O termo ethos diz respeito aos costumes sociais (At 6.14; 25.16), mas ēthos ao senso de moralidade e à consciência ética de cada pessoa (1 Co 15.33). Os costumes (ethos) designam os valores éticos ou morais da sociedade, enquanto ēthos às disposições do caráter diante de tais valores. No entanto, enquanto na filosofia aristotélica a virtude definia a relação do sujeito com a pólis, no Cristianismo, define, primeiramente, a relação do homem com Deus e, somente depois com os homens. Daí as duas principais virtudes do Cristianismo serem a fé e o amor.
Como observamos, o caráter é a "marca" pessoal de uma pessoa. O "sinal" que a distingue dos outros e pela qual o indivíduo define o seu estilo, a sua maneira de ser, de sentir e de reagir. Também pode ser definido como o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. O caráter, por conseguinte, não apenas define quem o homem é, mas também descreve o estado moral do homem (Pv 11.17; 12.2; 14.14; 20.27).

Caráter, sua dimensão distintiva
O caráter é distinto do temperamento e da personalidade, embora esteja relacionado a eles. O temperamento refere-se ao estado de humor e às reações emocionais de uma pessoa – o modo de ser. A personalidade envolve a emoção, vontade e inteligência de uma pessoa – aquilo que o individuo é. O caráter, influenciado pelo temperamento e personalidade, é o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que lhe determina a conduta – como a pessoa age. Observe, porém, que uma das características que compõe o ser humano é imutável, inata (temperamento), outra é o desenvolvimento geral dos traços personalógicos do sujeito em determinado momento (personalidade). O caráter, por sua vez, embora intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento da personalidade, forma-se em paralelo a ela. Assim como o desenvolvimento físico de uma criança nos primeiros anos é paralelo ao desenvolvimento mental, o caráter é formado à medida que a personalidade vai sendo construída.


Portanto, o caráter é a forma mais externa e visível da personalidade. Segundo Aristóteles, a disposição moral (caráter) é adquirida ou formada no indivíduo pela prática. Afirma um antigo provérbio que ao “semear um hábito, o indivíduo colhe um caráter”. O caráter, segundo a sabedoria dos antigos, é o resultado de um hábito interiorizado, aprendido através do exercício contínuo das virtudes ou dos vícios. Não deve ser confundido com as paixões (ira, desejos, ódio), muito menos com as faculdades (razão, emoção e vontade), pois essas categorias são naturais, próprias do ser. [1] Consequentemente, a experiência é o palco no qual o caráter age. De acordo com Schopenhauer essa é uma das razões pela qual o caráter é empírico, pois somente com a experiência é que se pode chegar ao seu conhecimento, não apenas no que é nos outros, mas tal qual é em nós mesmos. Afirma o filósofo alemão que “quem praticou determinado ato, tornará a praticá-lo assim que se apresentem circunstâncias idênticas, tanto no bem como no mal”. [2]
Assim sendo, a personalidade determina a forma como o indivíduo se ajusta ao ambiente, mas o caráter o modo como a pessoa age e reage nesse contexto social.
Já o temperamento, segundo a definição histórica dos helênicos, designa o “tempero sangüíneo” do organismo. Os sábios da Hélade sabiam muito bem que o temperamento é profundamente influenciado pela composição bioquímica do sangue, pela hereditariedade, constituição física e pelo sistema nervoso. Por ser biológico, hereditário e internalizado no indivíduo pode ser controlado, mas jamais mutável. O caráter, no entanto, é o “sinal psíquico” do indivíduo, que determina-lhe a conduta. Porém, é desenvolvido, educável e mutável.
Mediante o temperamento, a personalidade e o caráter, o indivíduo afirma sua autonomia; passa a ter consciência de si mesmo como ser humano e também que tipo de pessoa é. Essa descoberta existencial é um processo contínuo.

Caráter, sua dimensão antropo-teológica
Deus criou o homem em duas fases distintas. Na primeira o Eterno forma (hb. asah) a parte somática, corporal e visível do homem, a partir do “pó da terra” (Gn 2.7a). Esse primeiro estágio é chamado de criação mediata ou formativa. Na segunda fase Deus cria (hb. bara) o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27; 2.7b). Essa imagem entende-se por moral e natural. A natural diz respeito àquilo que o homem é: ser racional (intelecto), emocional e volitivo (vontade). A moral relaciona-se à constituição do caráter, da moral e da ética. Diz respeito à constituição moral do homem, suas disposições intrínsecas que inclui o caráter e a qualidade deste: justo e santo. Antes da Queda, o homem era perfeito em santidade, retidão e justiça. Essas qualidades não procediam do próprio homem, mas eram reflexos dos atributos morais e imanentes do Senhor. Os atributo morais de Deus refletiam-se na constituição do sujeito (Ef 4.24; Lv 20.7; 1 Jo 2.29; 3.2,3). Porém, após a Queda, a natureza moral do homem foi corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23). Em lugar da justiça, o seu antagônico; em vez da santidade o seu oposto; em oposição à virtude o vezo (Gl 5.19-22). Somente a obra salvífica de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante a ministração do Espírito Santo, é capaz de revestir o homem de uma nova natureza, criada segundo Deus, “em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24; 1 Co 1.30). É o Espírito Santo que transforma o pecador à semelhança da natureza e do caráter de Cristo (2 Co 3.18; 2 Pe 1.3-7).
Portanto, para que você se torne o homem ou a mulher que Deus deseja é necessário que o seu temperamento, personalidade e caráter se tornem subservientes dos projetos de Deus para a tua vida. Até que Deus prevaleça sobre nossas vidas (2 Co 2.14), alguns precisam ser jogados numa cisterna, como José (Gn 37.20); outros, ser alimentado por corvos, como Elias (1 Rs 17.6); e, alguns, apresentar sua língua aos serafins, como fez Isaías (Is 6.6,7).
O caminho que Deus escolhe para forjar o caráter de seus cooperadores algumas vezes é íngreme e inóspto. Mas, quando eles saem da fornalha, é perceptível até mesmo para os pagãos que eles andaram com o quarto Homem na fornalha (Dn 3.25-27). Deus jamais chamou alguém para uma grande missão sem que esse escolhido passasse por uma profunda transformação moral.
Se desejares que o Deus de José, Elias e Isaías realize em você o mesmo que fez com eles, coloque o seu caráter no altar do Espírito; apresente a sua personalidade Àquele que a todos transforma segundo a imagem de Cristo. Só assim serás a pessoa que Deus deseja que você seja.

sábado, 4 de abril de 2009

ISRAEL NO PLANO DIVINO PARA A SALVAÇÃO

Israel no plano Divino para a salvação
Estude com sua Bíblia ao lado, pois entraremos em assuntos como a predestinação

RM : 9.6 “Não que a palavra de DEUS haja faltado, por que nem todos os que são de Israel são israelitas”.

Em RM: 9.11, Paulo trata da eleição de Israel no passado, da sua rejeição do evangelho presente, e da sua salvação futura. Esses três capítulos foram escritos para responder à pergunta que os crentes judaicos faziam: como as promessas de DEUS a Abraão e à nação de Israel poderiam permanecer válidas, quando a nação de Israel, como um todo, não parece ter parte no evangelho? O presente estudo resume o argumento de Paulo.

Há três elementos distintos no exame que Paulo faz de Israel no plano Divino da salvação.
(1) O primeiro (9.6-29) é um exame da eleição de Israel no passado. (a) Em 9.6-13, Paulo afirma que a promessa de DEUS à Israel não falhou, pois a promessa era só para os fiéis da nação. Visava somente o verdadeiro Israel, aqueles que eram fiéis à promessa (ver Gn 12.1-3; 17.19). Sempre há um Israel dentro de Israel, que tem recebido a promessa. (b) Em 9.14-29, Paulo chama a nossa atenção para o fato de que DEUS tem o direito de fazer o que ELE quer com os indivíduos e as nações. Tem o direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a ELE e o direito de usar de misericórdia para com os gentios, oferecendo-lhes a salvação, se ELE assim decidir.
(2) O segundo elemento (9.30—10.21) analisa a rejeição presente do evangelho por Israel. Seu erro de não voltar-se para CRISTO, não se deve a um decreto incondicional de DEUS, mas à sua própria incredulidade e desobediência (Ver 10.3).
(3) Finalmente, Paulo explica (11.1-36) que a rejeição de Israel é apenas parcial e temporária.Israel por fim aceitará a salvação Divina em CRISTO. O argumento dele contém vários passos.
(a) DEUS não rejeitou o Israel verdadeiro, pois ELE permaneceu fiel ao “remanescente” que permanece fiel a ELE, aceitando a CRISTO (11.1-6). (B) no presente, DEUS endureceu a maior parte de Israel, por que os israelitas não quiseram aceitar a CRISTO (11.7-10; cf. 9.31—10.21).
(b) DEUS transformou a transgressão de Israel (i.e., a crucificação de CRISTO) numa oportunidade de proclamar a salvação a todo o mundo (11.11,12,15).(d) durante esse tempo presente da incredulidade nacional de Israel, a salvação de indivíduos, tanto os judeus como os gentios (cf. 10.12,13) depende da fé em JESUS CRISTO (11.13-24). (e) A fé em JESUS CRISTO, por uma parte do Israel nacional, acontecerá no futuro (11.25-29). (f) O propósito sincero de DEUS é ter misericórdia de todos, tanto dos judeus como dos gentios, e incluir no seu reino todas as pessoas que crêem em CRISTO (11.30-36; cf. 10.12,13; 11.20-24).

Várias coisas se destacam nestes três capítulos.

(1) Esse exame da condição de Israel não se refere á vida ou a morte eterna de indivíduos após a morte. Pelo contrário, Paulo está tratando do modo como DEUS lida com nações e povos do ponto de vista histórico, i.e., do seu direito de usar povos e nações conforme ELE quer. Por exemplo, sua escolha de Jacó em lugar de seu irmão Esaú (9.11) teve como propósito fundar e usar as nações de Israel e de Edom, oriundas dos dois. Nada tinha que ver com seu destino eterno, i.e., quanto a sua salvação ou condenação como indivíduos. Uma coisa é certa: DEUS tem o direito de chamar as pessoas e nações que ELE, quiser, e determinar-lhes responsabilidades a cumprir.
(2) Paulo expressa sua constante solicitude e intensa tristeza pela nação judaica (9.1-3). O próprio fato de que Paulo ora para que seus compatriotas sejam salvos, revela que ele não admitia o ensino teológico da predestinação, afirmando que todas as pessoas já nascem predestinadas, ou pra o céu, ou para o inferno. Pelo contrário, o sincero desejo e oração de Paulo reflete a vontade de DEUS para o povo judaico (cf. 10.21; ver Lc 19.41, JESUS chorando por causa de Israel ter rejeitado o caminho Divino da salvação). No NT não se encontra o ensino de que determinadas pessoas foram predestinadas ao inferno antes de nascer.
(3) O mais relevante neste assunto é o tema da fé. O estado espiritual de perdido, da maioria dos israelitas, não fora determinado por um decreto arbitrário de DEUS, mas, resultado de sua própria recusa de se submeterem ao plano Divino da salvação mediante a fé em CRISTO (9.33; 10.3; 11.20).Inúmeros gentios, porém, aceitaram o caminho de DEUS, que é o da fé, e alcançaram a justiça mediante a fé. Obedeceram a DEUS pela fé e se tornaram filhos do DEUS vivo(9.25,26). Esse fato ressalta a importância de obediência mediante a fé (1.5; 16.26) no tocante à chamada e eleição da parte de DEUS.
(4) A oportunidade de salvação está perante a nação de Israel, se ela largar sua incredulidade (11.23). semelhantemente, os crentes gentios que agora são advertidos de que também correm o mesmo risco de serem cortados da salvação (11.13-22). Eles devem sempre perseverar na fé com temor. A advertência aos crentes gentios em 11.20-23,pelo fato da falha de Israel, é tão válida hoje quanto o foi no dia em que Paulo a escreveu.
(5) As escrituras estão repletas de promessas de uma futura restauração de Israel ao aceitarem o MESSIAS. Tal restauração terá lugar ao findar-se a Grande Tribulação, na iminência da volta pessoal de CRISTO (ver Is 11.10-12; 24,17-23; 49.22,23; Jr 31.31-34; Ez 37.12-14; Rm 11.26; AP 12.6).

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Antropormofismo


ANTROPORMOFISMO
Antropomorfismo é a forma de pensamento que atribui características e/ou aspectos humanos a Deus, deuses, elementos da natureza e constituintes da realidade em geral. Nesse sentido, toda a mitologia grega, por exemplo, é antropomórfica.

Por outro lado, ao dar nome próprio ao elemento "inefável", após o período de Aurelius Augustus (Santo Agostinho), e sua consolidação no que fora denominado na História da Filosofia de Tomismo (o conhecimento que veio depois dos escritos de Tomás de Aquino), houve uma eternização deste antropomorfismo no hemisfério ocidental e sua doutrina mestra, o Cristianismo.

O fato de darmos nome próprio a este elemento traz à tona o surgimento de "Deus". E, com base nestas informações, poderíamos dizer que o que temos feito, também, pode ser pensado como um antropomorfismo às avessas (diferente do grego, onde os deuses adquiriam feições e sentimentos humanos).

Às avessas por que? Ora, pelo fato de humanizarmos aquilo que não nos compete. Humanizarmos na medida em que passamos a dar maior vida a este "objeto" do que propriamente à nossa vida. Não é à toa que legamos para o pós-morte uma vida que deveria ser vivida "em vida".

Este elemento traz um antromorfismo "de lado", pois, queremos compartilhar com este nome próprio uma vida que deixamos de compartilhar enquanto vivos.

Desde Anaximandro, Demócrito, Heráclito e Parmênides tem-se a busca do inefável, contudo uma busca que não impede que vivamos. A partir do momento em que institucionalizamos esta busca - e isso foi feito com a criação oficial do Cristianismo e sua doutrinação em Constantino, no século IV -, deixamos de nos pensar enquanto seres vivos e pensantes. Damos ao inefável nossa possibilidade de pensar. É como se abríssemos mão de algo tão originário quanto humano.

Infelizmente, o objetivo desta antropomorfização às avessas fora o de sempre: o do subjugo e do andar-para-trás (diria Nietzsche). O homem só poderá adquirir sua humanidade quando souber diferenciar estes "dois" antropomorfismos, sem isso, seremos sempre

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A CONVERSÃO VERDADEIRA E A FALSA

"Mas todos vós que acendeis fogo, e vos cingis com tições acessos, ide, andai entre as chamas do vosso fogo, e entre os tições que acendestes. Isto é que recebereis da minha mão: Em tormentos jazereis." - Isaías 50:11
É evidente pelo contexto destas palavras no capítulo, que o profeta se dirige àqueles que professam ser religiosos, que se dizem que estão salvos, mas que, na realidade, sua esperança era um fogo que eles mesmos tinham acendido, e as faíscas, criadas por este fogo. Antes de seguir adiante na discussão do tema, desejaria dizer que, como já me foi dada notícia de que minha intenção era discutir a natureza da conversão verdadeira e da falsa, não servirá de nada o escutá-lo, exceto para aqueles que sejam sinceros e se apliquem a si mesmos. Se você espera se beneficiar da mensagem, tem que resolver aplicá-lo fielmente, de modo tão sincero como se pensasse que estivesse no juízo solene. Se o faz, pode esperar que te conduza a descobrir teu verdadeiro estado, e se está enganado, dirigir-se ao verdadeiro caminho da salvação. Se você não quer fazê-lo, eu pregarei em vão, e você ouvirá em vão.
Espero mostrar a diferença entre a conversão verdadeira e a falsa, a apresentarei o tema na seguinte ordem:
I. Mostrar que o estado natural do homem é o de puro egoísmo.
II. Mostrar que o caráter do convertido é o de benevolência.
III. Que o novo nascimento consiste numa mudança desde o egoísmo à benevolência.
IV. Contestar algumas objeções que podem oferecer contra o ponto de vista que tomo e terminar com alguns comentários.
I. Vou mostrar que o estado natural do homem, ou o estado em que se encontra o homem antes da conversão, é egoísmo puro e sem mistura.
Com isso quero dizer que não conhece a benevolência do Evangelho. O egoísmo é considerar a felicidade própria como objetivo supremo, e buscar o bem próprio pelo fato de ser seu. O que é egoísta coloca sua própria felicidade e busca seu próprio bem porque é seu. De modo egoísta coloca sua própria felicidade por cima de outros interesses de maior valor; tais como a glória de Deus e o bem do universo. É evidente que a humanidade se encontra neste estado e digo isto por muitas considerações.
Todo o mundo sabe que os outros são todos egoístas. Todos os tratos da humanidade são conduzidos sobre este princípio. Se o homem o perde de vista e empreende tratos com a humanidade como se não fossem egoístas, senão desinteressados, os demais pensarão que aquele homem está louco.
II. No estado do convertido, o caráter predominante é o de benevolência.
Um indivíduo convertido é benevolente, e não egoísta, no essencial. Benevolente é uma palavra composta que propriamente significa desejar o bem, ou seja, escolher a felicidade dos outros. Este é o estado e Deus. Nos é dito que Deus é amor; isto é, que é benevolente. A benevolência compreende todo seu caráter. Todos seus atributos morais são apenas modificações da benevolência. Um indivíduo convertido se assemelha a Deus neste aspecto. Não quero que se entenda que ninguém é convertido a menos que seja pura e perfeitamente benevolente, como Deus é; mas sim que no equilíbrio de sua mente a característica que prevalece é a benevolência. Com sinceridade busca o bem dos outros por amor a eles. E, por benevolência desinteressada não sente interesse no objeto que persegue, senão que busca a felicidade dos outros por amor a eles e não com olhos a sua reação a favor de si mesmo, que vai aumentar sua felicidade. Decide fazer bem porque se alegra na felicidade dos outros, e deseja a felicidade deles por ela em si mesma. Deus é benevolente de modo puro e desinteressado. Ele não faz as criaturas felizes para assim aumentar a sua própria felicidade, senão que as ama por sua felicidade e as busca por amor à mesma. Não que não se sinta feliz ao fomentar a felicidade das criaturas, mas não o faz por a sua própria satisfação. O homem que é desinteressado se sente feliz em fazer bem. De outra maneira o fazer bem em si não teria nenhuma virtude. De outro modo o fazer bem não seria virtuoso em si. Em outras palavras, se não lhe fosse agradável fazer bem e não se alegrasse fazendo-o, não seria uma virtude nele.
A benevolência é a santidade. É o que a lei de Deus requer: Amarás ao Senhor teu Deus com todo teu coração, e com toda tua alma e com toda tua força, e a teu próximo com a ti mesmo. Com a mesma certeza que o convertido rende obediência à lei de Deus, e de modo tão seguro como ele é de Deus, é benevolente. É o rasgo mais saliente de seu caráter, o buscar a felicidade dos outros, e não a sua própria, como seu objetivo supremo.
III. A verdadeira conversão é uma mudança do estado de supremo egoísmo à benevolência.
É uma mudança no objetivo da atividade, não uma mera mudança no meio de alcançar o fim. Não é verdade que os convertidos e os não convertidos difiram apenas nos meios que usam, enquanto perseguem o mesmo objetivo. Não é verdade que Gabriel e Satanás estejam tratando de alcançar o mesmo objetivo, os dois procurando sua própria felicidade, ainda que a busquem de modo distinto. Gabriel não obedece a Deus com olhos a incrementar sua própria felicidade. Um homem pode mudar seus meios e contudo apontar a conseguir o mesmo objetivo, sua própria felicidade. É possível que faça bem com olhos a um benefício temporal. Pode não crer na religião, nem na eternidade, e contudo fazer bem porque isto lhe é vantajoso neste mundo. Suponhamos, pois, que seus olhos se abrem, e vê a realidade da eternidade; e então se faz religioso como meio de conseguir sua felicidade na eternidade. Pode-se ver bem que não há nenhuma virtude nele. É a intenção que dá caráter ao ato, não o meio empregado para realizar a intenção. O convertido verdadeiro e o falso diferem nisto. O verdadeiro convertido escolhe a glória de Deus e o bem de seu reino como objetivo de seus esforços. Este objetivo o escolhe por si, pelo que é, porque o vê como seu maior bem, como um bem maior que sua própria felicidade individual. Não que seja indiferente a sua própria felicidade, senão que prefere a glória de Deus, porque e um bem maior. Olha à felicidade de cada indivíduo particular segundo sua verdadeira importância, na medida que lhe é possível avaliá-la, e ele é que escolhe o sumo bem como seu objetivo supremo.
IV. Agora vou mostrar algumas coisas em que os verdadeiros santos e as pessoas enganadas podem estar de acordo e algumas em que diferem.
1. Podem estar de acordo em levar uma vida estritamente moral.
A diferença está nos seus motivos. O verdadeiro santo leva uma vida moral por amor a santidade; a pessoa enganada, por considerações egoístas. Usa a moralidade como um meio ao fim, com olhos a sua própria felicidade. O verdadeiro santo a moralidade como um objetivo.
2. Os dois podem orar igualmente, pelo menos quanto à forma.
A diferença está nos motivos. O verdadeiro santo ama a oração; o outro o faz porque espera conseguir algum benefício para si da oração. O verdadeiro santo espera um benefício para si da oração, mas este não é o motivo principal. O outro ora sem ter nenhum outro motivo.
3. Os dois podem ser diligentes na religião.
Um porque pode ter uma grande diligência, porque sua diligência é segundo seu conhecimento, e deseja sinceramente e ama fomentar a religião, por amor à mesma. O outro pode mostrar uma diligência idêntica, com olhos a assegurar sua própria salvação um pouco mais, e porque tem medo de ir ao inferno se não faz a obra do Senhor, ou para aquietar sua consciência, e não porque ama a religião em si.
4. Os dois podem ser conscientes no cumprimento do dever; o verdadeiro convertido porque quer e ama fazer este dever, o outro porque não se atreve a descuidá-lo.
5. Os dois podem prestar a mesma atenção a fazer o reto; o verdadeiro convertido porque ama fazer o reto, o outro porque sabe que não pode ser salvo a menos que o faça. É sincero em suas transações e negócios, porque isto é o único que assegura seu próprio interesse. Verdadeiramente, "já receberam sua recompensa". Conseguem a reputação de serem pessoas sinceras, mas não há motivo superior, e não haverá recompensa de Deus.
6. Podem estar de acordo em seus desejos em muitos aspectos. Podem estar de acordo em seu desejo de servir a Deus; o verdadeiro convertido porque ama o serviço de Deus, e a pessoa enganada, pela recompensa, como o servo assalariado serve a seu senhor.
Podem estar de acordo em seus desejos de serem úteis, o verdadeiro convertido porque deseja ser útil em si; o enganado porque este é o meio de obter o favor de Deus. Na proporção em que tem sido despertada a importância de ter o favor de Deus será a intensidade de seus desejos de ser útil.
Em seu desejo pela conversão das almas, o verdadeiro santo porque quer glorificar a Deus; o enganado para ganhar o favor de Deus. O moverá a isto o mesmo que lhe faz dar dinheiro às Sociedades Missionárias ou à Sociedade Bíblica. Motivos egoístas somente, para procurar a felicidade, o aplauso ou obter o favor de Deus.
E quanto a glorificar a Deus, o verdadeiro convertido porque ama ver a Deus glorificado, a pessoa enganada porque sabe que este é o meio de ser salvo. O verdadeiro convertido pôs seu coração na glória de Deus, como seu grande objetivo, e o deseja com um fim, pela glória de Deus. O outro deseja esta glória como um meio para seu grande fim, o benefício próprio.
Com respeito ao arrependimento, o verdadeiro convertido aborrece o pecado por sua natureza odiosa, porque desonra a Deus. O outro, porque sabe que sem o arrependimento vai ser condenado.
E quanto ao crer em Jesus Cristo, o verdadeiro santo o deseja para glorificar a Deus, porque ama a verdade por si só. O outro o faz porque assim pode ter uma esperança maior de chegar ao céu.
Com respeito a obedecer a Deus, o verdadeiro santo o faz para aumentar sua santidade; o que professa falsamente, porque deseja a recompensa da obediência.
7. Podem estar de acordo não só nos desejos, senão também nas resoluções. Podem decidir renunciar ao pecado e obedecer a Deus, procurar o progresso da religião e o reino de Cristo; e fazê-lo com grande energia de propósito, mas com diferentes motivos.
8. Podem estar de acordo também em seus desígnios. Podem fazer planos para glorificar a Deus, converter aos homens e estender o reino de Cristo; o verdadeiro santo por amor a Deus e a santidade; o outro por sua própria felicidade. Para o primeiro é um fim, para o outro um meio para perseguir o objetivo egoísta.
Podem tentar serem santos; o verdadeiro convertido porque ama a santidade, o enganado porque sabe que não pode ser feliz de outra maneira.
9. Eles podem concordar não somente nos seus desejos, decisões e desígnios, mas também em seus afetos para muitas coisas.
Podem os dois amar a Bíblia; o verdadeiro santo, porque é a verdade de Deus, se deleita nela e é um banquete para sua alma; o outro porque crê que lhe favorece e fomenta suas esperanças.
Podem servir os dois a Deus; o primeiro porque vê o caráter de Deus em sua suprema excelência e amor; o outro porque pensa em Deus como um amigo particular, que vai fazê-lo feliz para sempre e relaciona a idéia de Deus com seu próprio interesse.
Os dois podem amar a Cristo. O verdadeiro convertido porque ama seu caráter; o enganado, porque lhe salva do inferno e lhe dá a vida eterna, então porque não amá-lo?.
Podem os dois amar aos cristãos: o verdadeiro convertido porque vê neles a imagem de Cristo, e o enganado porque pertencem a sua própria denominação, ou porque estão a seu lado ou sente que têm os mesmos interesses e esperanças que ele.
10. Podem estar de acordo em odiar as mesmas coisas. Podem odiar a infidelidade e oporem-se a ela extremamente; o santo porque isso se opõe a Deus e a santidade, e o enganado porque prejudica aos interesses a que se dedica, e assim destrói suas próprias esperanças para a eternidade. Podem também odiar o erro; o primeiro porque é detestável em si, e contrário a Deus, e o outro porque é contrário a seus pontos de vista e opiniões.
Lembro de ter visto escrito faz algum tempo um ataque a um ministro por publicar certas opiniões, "porque; dizia o escritor; estes sentimentos destruiriam todas as minhas esperanças para a eternidade". E esta é uma boa razão, a melhor que uma pessoa egoísta necessita para opor-se a uma opinião.
Os dois odeiam o pecado; o verdadeiro convertido porque é odioso a Deus, a pessoa enganada porque lhe prejudica. Tem ocorrido casos em que um indivíduo tem odiado seus próprios pecados, mas não os tem abandonado. Quantas vezes um bêbado, olhando para trás ao que era, e contrastando sua degradação presente com o que tinha sido, aborrece a bebida; mas não pela bebida em si, o que ela é, senão porque tem causado sua desgraça. E todavia segue bêbado, ainda que ao considerar os efeitos da mesma se sente cheio de indignação.
Os dois podem se sentir opostos aos pecadores. A oposição do verdadeiro santo é uma oposição benevolente, com miras a aborrecer seu caráter e conduta, já que estas subvertem o reino de Deus. O outro se opõe aos pecadores porque estes se opõem à religião que ele defende, porque não estão a seu lado.
11. Ou mesmo, os dois podem alegrar-se nas mesmas coisas. Ambos se alegram na prosperidade de Sião, e na conversão das almas; o verdadeiro convertido porque tem o coração posto nisso, e o considera o maior bem possível, e o enganado porque isto, em particular, crê que faz prosperar seus interesses.
12. Os dois podem se chatear e se sentirem angustiados pelo baixo estado da religião nas igrejas; o verdadeiro convertido porque Deus é desonrado, e a pessoa enganada porque sua própria alma não está feliz, ou porque a religião não está em seu favor.
Os dois podem desfrutar da sociedade dos santos; o verdadeiro convertido porque sua alma se alegra na conversa espiritual, o outro porque espera tirar algumas vantagens da companhia. O primeiro desfruta porque "a boca fala do que o coração está cheio"; o outro porque lhe gosta falar sobre o grande interesse que sente na religião, e a esperança que tem de chegar ao céu.
13. Os dois podem desfrutar assistindo a reuniões religiosas; o santo porque seu coração se deleita nos atos de adoração, oração e louvor, e ouvindo a palavra de Deus em comunhão com Deus e com os santos, e o outro porque pensa que uma reunião religiosa é um bom lugar para fomentar sua esperança. Pode ter cem razões para querê-las, e delas nenhuma é pelas reuniões em si, pelo serviço prestado a Deus.
14. Os dois podem encontrar prazer em seu dever na oração. O santo porque lhe aproxima de Deus, se deleita na comunhão com Deus, onde se encontra livre para dirigir-se diretamente a Deus, sem estorvos, e conversar com Ele. A pessoa enganada encontra uma espécie de satisfação nela, porque é um dever o orar a Deus em secreto e sente a satisfação própria de cumpri-lo. Pode inclusive sentir um certo prazer nela, uma espécie de emoção que confunde com a comunhão com Deus.
15. Os dois podem amar as doutrinas da graça; o verdadeiro santo porque são tão gloriosas; o outro porque as considera a garantia de sua própria salvação.
16. Os dois podem amar os preceitos da lei de Deus; o santo porque são tão excelentes, santos, justos e bons; o outro porque crê que lhe fará mais feliz se os ama, e portanto são um meio para sua felicidade.
Ambos podem consentir no castigo da lei. O verdadeiro santo porque considera que será justo em si que Deus lhe envie ao inferno. O enganado porque se regozija pensando que ele está fora de risco. Sente respeito para o feito, porque sabe que é reto e sua consciência o aprova, mas nunca consentiria nele em seu próprio caso.
17. É possível que sejam iguais em sua generosidade para dar às sociedades benéficas. Sem dúvida que os dois podem dar somas iguais, mas os motivos são diferentes. Um dá para fazer bem, e o mesmo daria se soubesse que não havia outra pessoa viva que desse. O outro para conseguir um mérito, para aquietar sua consciência e para inclinar para si o favor de Deus.
18. É possível que se neguem os dois as mesmas coisas. A abnegação não está confinada aos verdadeiros santos. Para dar-nos em conta dele basta olharmos aos maometanos, indo para suas peregrinações a Meca. Olhe aos pagãos, atirando-se debaixo do carro de Juggernaut. Ou mesmo aos pobres ofuscados, dentro do mesmo mundo chamado cristão, os católicos que sobem degraus de escadarias de joelhos, derramando sangue. Um protestante dirá que não há religião aqui, mas não poderá negar que há um negar-se a si mesmo, seja qual seja o objetivo. O verdadeiro santo se negará a si mesmo para fazer mais bem a outros, não a ele mesmo. A pessoa enganada o fará por motivos egoístas de modo exclusivo.
19. Os dois podem estar dispostos a sofrer o martírio. Leia a vida dos mártires, e não fica a menor dúvida que estavam dispostos a sofrer, mas alguns deles o faziam com a idéia errônea da recompensa do martírio, e se lançavam à destruição porque estavam persuadidos que isto lhes assegurava o caminho livre para a vida eterna.
Em todos estes casos, os motivos de uma classe estão em direta oposição aos da outra. A diferença se encontra nos diferentes objetivos. O primeiro escolhe seu próprio interesse, o outro o interesse de Deus com seu objetivo final. O que diz que os dois têm o mesmo objetivo diz que um pecador impenitente é tão benevolente como um cristão real; ou que um cristão não é benevolente, como Deus é, senão que busca sua própria felicidade, e que a procura na religião, não no mundo.
E este é o lugar apropriado para a resposta a uma pergunta que se costuma fazer: "Se estas duas classes de pessoas são tão semelhantes em tantos pontos, como vamos a conhecer nosso próprio caráter real, ou dizer a qual dos grupos pertencemos? Sabemos que o coração é enganoso sobre todas as coisas e perverso, e como vamos saber se amamos a Deus e a santidade por si mesmos ou bem se buscamos o favor de Deus e procuramos chegar ao céu como um benefício próprio?"
Vou responder:
1. Se você é verdadeiramente benevolente, aparecerá em teus tratos diários. Este caráter, se é real, se mostrará em teus assuntos, em todas as partes. Se o egoísmo rege tua conduta, é absolutamente certo que somos verdadeiramente egoístas. Se nossos tratos com os homens somos egoístas, também o somos em nossos tratos com Deus. "Porque quem não ama a seu irmão que pode ver, como pode amar a Deus que não se pode ver?" A religião não é meramente amar a Deus, senão também amar ao homem. Se em nossas transações diárias mostramos que somos egoístas, não somos convertidos; de outro modo a benevolência não é essencial à religião, e um homem pode ser religioso sem amar a seu próximo como a si mesmo.
2. Se você não tem interesse na religião, os deveres religiosos não te interessam. Você se acercará a religião como um trabalhador vai a sua tarefa, por amor a ganhar a vida. O que trabalha encontra prazer em seu trabalho, mas não é por ele em si. Preferiria não fazê-lo se pudesse. Em sua natureza é uma tarefa, e se tem algum prazer nela é porque espera de antemão os resultados, ele sustém o bem-estar da família, ele incrementa a sua propriedade.
Este é precisamente o estado de algumas pessoas com respeito a religião. Aproximam-se dela como um enfermo toma sua medicina, porque desejam seus efeitos e eles sabem que a necessitam, senão perecem. É uma tarefa que nunca fariam pelo seu próprio valor. Suponhamos um homem que amasse trabalhar, como uma criança ama de brincar. Eles fariam isto o dia todo, e nunca ficariam cansados de fazê-lo, sem nenhum outro motivo que o prazer que eles se agradam em fazê-lo. Então, assim é na religião, onde ele a amasse pelo seu próprio valor, não há desanimo nela.
3. Se o egoísmo é o caráter prevalecente de tua religião, tomará às vezes uma forma, às vezes outra. Por exemplo: se for um período de frieza geral na igreja, os convertidos verdadeiros ainda desfrutariam em sua comunhão secreta com Deus, ainda que isto não chegará ao conhecimento dos demais. Mas a pessoa enganada nestes casos se sente atraída ao mundo. Agora bem, se os verdadeiros santos se levantam, e fazem ruídos, falam da alegria em voz alta, de modo que a religião começa a ser um tema de conversação outra vez; talvez algum destes enganados começará a mover-se e parecerão mais diligentes que um verdadeiro santo. Se verá impelido por suas convicções e não por seus afetos. Quando não há interesse público, não sente a convicção; mas quando a igreja se desperta sente a convicção, e se vê impelido a mover-se, para ter quieta a consciência. É só um egoísmo em outra forma.
4. Se você é egoísta, tua alegria da religião dependerá principalmente da firmeza de tuas esperanças do céu e não do exercício de teus afetos. Teus gozos não estão em aplicar-te às coisas religiosas, senão de uma natureza muito distinta dos do verdadeiro santo. São em sua maior parte antecipações. Quanto você se sente seguro de ir ao céu, então se alegra muito na religião; depende de tua esperança, não de teu amor, pelas coisas que esperas. Ouve-se pessoas que perdem seu gozo na religião quando decresce sua esperança. A razão é evidente. Amam a religião não por ela em si, senão que seu gozo depende de sua esperança. Se os deveres da religião não sãos as coisas em que te alegras e se todos os gozos dependem de tua esperança, não tens verdadeira religião; é tudo egoísmo.
Não digo que os verdadeiros santos não se gozam em sua esperança. Mas isto não é o principal neles. Pensam muito pouco em suas esperanças. Seus pensamentos se empregam em outra coisa. A pessoa enganada, ao contrário, se dá conta de que não goza nos deveres da religião; só os cumpre porque confia que há um céu. Só tem o gozo nele como o homem que trabalha espera encontrar a recompensa de seu trabalho.
5. Se você é egoísta na religião, teus gozos serão principalmente em forma de antecipação. O verdadeiro santo se goza já agora na paz de Deus, e o céu já começou em sua alma. Não somente tem a perspectiva da mesma, senão que a vida eterna já começou realmente para ele. Tem fé, a que é a mesma substância das coisas que se esperam. É mais, tem já verdadeiros sentimentos celestiais nele. Goza de antemão gozos inferiores em grau, mas não distintos em natureza. Sabe que o céu já começou para ele e não está obrigado a esperar pra provar os gozos da vida eterna. Seu gozo está em proporção a sua santidade, e não em proporção a sua esperança.
6. Outra diferença pela qual podemos saber se somos egoístas na religião é esta: a pessoa enganada tem o propósito de obedecer, enquanto que o outro prefere obedecer. Esta é uma importante distinção, e eu temo que poucas pessoas a façam. Multidões têm o propósito de obedecer, que não preferem obedecer. Preferência é a escolha verdadeira, ou obediência do coração. Você freqüentemente ouve indivíduos falarem que têm o propósito de fazer esse ou aquele ato de obediência, mas não o fazem. E eles contarão a você o quanto é difícil é executar seus propósitos. O verdadeiro santo, por outro lado, realmente prefere, e seu coração escolhe obedecer, e no entanto ele acha fácil obedecer. O primeiro tem o propósito de obedecer, como o que Paulo tinha antes de ser convertido, como ele nos conta no capítulo sete de Romanos. Ele tinha um propósito firme de obedecer, mas não obedecia, porque seu coração não estava nisso. O verdadeiro convertido prefere obedecer pelo próprio valor da obediência; ele realmente escolhe isso, e faz isso. O outro se propõe a ser santo, porque ele sabe que é o único caminho para ser feliz. O verdadeiro santo escolhe a santidade pelo seu próprio valor, e ele é santo.
7. O verdadeiro convertido e a pessoa enganada diferem também em sua fé. O verdadeiro santo tem confiança no caráter geral de Deus, que lhe conduz a uma submissão sem atenuantes a Deus. É falado muito de classes de fé, sem muito sentido. A verdadeira confiança nas promessas especiais de Deus depende da confiança no caráter geral de Deus. Só há dois princípios pelos quais se obedece a qualquer governo, humano ou divino, o temor e a confiança. Não importa se se trata do governo da família, um barco, uma nação ou um universo. Num caso os indivíduos obedecem pela esperança à recompensa e o temor ao castigo. No outro, pela confiança no caráter do governo, que obra por amor. O outro cede num externo de obediência, por esperança e por temor. O verdadeiro convertido tem a fé e a confiança em Deus que lhe conduz a obedecer porque ama a Deus. Esta obediência é fé. Tem confiança em Deus, pelo que se submete totalmente à mão de Deus.
O outro tem só uma fé parcial, e só uma submissão parcial. O diabo tem esta fé parcial. Crê e treme. Uma pessoa pode crer que Cristo veio para salvar aos pecadores, e baseando-se nisto submeter-se para ser salvo; ao fazê-lo não se submete a ele, para ser governado por ele. Sua submissão é só uma condição para ser salvo. Nunca tem a confiança sem reservas no caráter de Deus que lhe conduz a dizer: "Seja feita a tua vontade." Só se submete para ser salvo. Sua religião é a religião da lei. A do outro é a do Evangelho. A primeira é egoísta, a outra benevolente. Aqui está a verdadeira diferença entre as duas classes. A religião de um é externa e hipócrita. A do outro é santa e aceitável a Deus.
8. Só mencionarei uma diferença mais. Se tua religião é egoísta, você se gozará de modo particular na conversão dos pecadores quando você tem participação nela, mas encontrará pouca satisfação quando tem lugar pela intervenção de outros. A pessoa egoísta se alegra quando tem atividade e êxito na conversão de pecadores, pois pensa que terá recompensa como resultado. Mas não se deleita quando é a obra de outros, na verdade o que sente é inveja. O verdadeiro santo se deleita de modo sincero em que outros sejam úteis, se regozija quando os pecadores se convertem graças à intervenção dos outros como se fosse pela sua própria. Há alguns que tomam interesse num avivamento só enquanto lhes afeta em suas atividades, mas são indiferentes se os pecadores ficam sem se converter quando devam ser salvos por um evangelista ou um ministro que pertence a outra denominação. O verdadeiro espírito de um filho de Deus é dizer: "Senhor, envia a quem quiser, apenas que estas almas sejam salvas e teu nome seja glorificado."
Vou contestar a algumas objeções que se fazem contra este ponto de vista no tema.
OBJEÇÃO 1. "Não tenho que ter interesse em minha própria felicidade?"
Contestação. É próprio e justo que cada um se interesse em sua própria felicidade, mas deve que colocá-la numa escala relativa. Posta ao lado da glória de Deus e o bem do universo, e então decidir o valor que lhe pertence. Isto é precisamente o que faz Deus. E isto é o que quer dizer quando nos manda que amemos ao próximo como a nós mesmos.
É mais, de fato você vai fazer aumentar sua própria felicidade precisamente na proporção em que a deixe fora de teu objetivo. Tua felicidade será em proporção a teu desinteresse. A verdadeira felicidade consiste principalmente na satisfação dos desejos virtuosos. Pode haver prazer na satisfação que são egoístas, mas não é uma felicidade verdadeira. Mas para serem virtuosos os desejos devem ser desinteressados. Suponhamos que um homem vê a um mendigo na rua; está ali sentado reprimido, sem amigos e logo vai perecer. O homem se sente comovido e lhe compra um pão. O rosto do pobre se ilumina e seu olhar demonstra gratidão. É evidente que a satisfação do homem que praticou o ato será em relação à pureza de seu propósito. Se o fez só por benevolência, sua santificação é completa no ato em si. Se o fez por caridade em parte somente, não basta, necessita que seu ato seja publicado a outros. Suponhamos que se trata de um pecador no lugar do mendigo. E que alguém, movido pela compaixão lhe conduz ao Salvador. O homem é salvo. Se os motivos do que faz o ato são obter honra dos homens e assegurar-se o favor de Deus, este homem espera que seu ato seja feito público. Se seus motivos são totalmente desinteressados, a satisfação é completa e a alegria sem mistura. Nos deveres religiosos a felicidade está em proporção ao desinteresse.
Se teu objetivo é fazer o bem em si e por si, logo você é feliz na proporção em que o faz. Mas se você persegue tua felicidade, fracassará. É como a criança que persegue sua sombra: nunca a alcança, sempre está diante. Suponhamos o exemplo que eu dei, você não tem o desejo de aliviar o mendigo, mas considera simplesmente o aplauso de certos indivíduos que ouvem sobre isso e o comentam, e então você fica contente. Mas você não fica contente pelo fato dele estar aliviado em si. Ou suponha que você aponte para a conversão de pecadores; mas se não é o amor aos pecadores que te guia a fazer isto, como pode a conversão de pecadores fazê-lo feliz? Isso não tende a satisfazer o desejo impulsionou o esforço. A verdade é que Deus constituiu a mente do homem de tal forma que deve buscar a felicidade dos outros como seu objetivo, pois do contrário falha em sua intenção de encontrá-la. Aqui tem a verdadeira razão pela que o mundo, buscando sua própria felicidade e não a dos outros, não alcança seu objetivo.
OBJEÇÃO 2. "Não considerou Cristo o gozo posto diante dele? Não teve consideração Moisés à recompensa do premio: Não diz a Bíblia que amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro?"
Resposta numero 1. É verdade que Cristo desprezou a vergonha e sofreu a cruz, e considerou o gozo posto diante dele. Mas, Qual era este gozo posto diante dele? Não sua própria salvação nem sua própria felicidade, senão o grande bem que resultaria da salvação do mundo. Ele era perfeitamente feliz em si. Seu objetivo era a felicidade dos outros. Este é o gozo proposto a Cristo. E o alcançou.
Resposta número 2. Moisés tinha considerado a recompensa do premio. Mas, era para seu próprio bem-estar? De modo algum. A recompensa do premio era a salvação do povo de Israel. O que disse? Quando Deus lhe propôs destruir a nação, e fazer dele uma grande nação, se Moisés tivesse sido egoísta teria dito: "Bem, Senhor, seja feito segundo dizes." Mas, o que contestou? Seu coração estava posto na salvação de seu povo, na glória de Deus, e não quis pensar nem um momento em si mesmo. "Se queres, perdoa-lhes seu pecado; e se não, tira-me de teu livro em que escreveu meu nome." E agregou: "Se os destrói, os egípcios os saberão e todas as nações, e dirão: Jeová não pode levar a seu povo até a terra prometida." Moisés não podia consentir na idéia de que seus próprios interesses fossem exaltados às custas da glória de Deus. Para sua mente benevolente, o maior premio era a glória de Deus e a salvação dos filhos de Israel, antes de qualquer vantagem pessoal que pudesse cair sobre ele.
Resposta número 3. Na expressão "amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro" é evidente que cabem duas interpretações: pode ser que seu amor nos tenha proporcionado o caminho para que o devolvamos e a influência que nos foi feita que lhe amemos, ou talvez que o amemos pelo favor que tenha feito a nós. É evidente que o sentido não é este último, pois Jesus Cristo mesmo reprovou de modo expresso o princípio em seu sermão no monte: "Se amardes os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem os cobradores de impostos também o mesmo?" Se amamos a Deus não por seu caráter, senão por seus favores, Jesus Cristo mesmo nos reprova.
OBJEÇÃO 3. "Não oferece a Bíblia a felicidade como recompensa pela virtude?"
Resposta. A Bíblia fala da felicidade como resultado da virtude, mas nunca diz que a virtude consiste em perseguir a própria felicidade. A Bíblia em seu espírito é oposta a isto, e representa a virtude como fazer o bem aos outros. Se a pessoa deseja o bem dos outros, será feliz em proporção com a satisfação deste desejo. A felicidade é o resultado da virtude, mas a virtude não consiste na busca da própria felicidade, o qual seria uma inconseqüência.
OBJEÇÃO 4. "Deus procura nossa própria felicidade, e temos nós que ser mais benevolentes que Deus? Não temos que ter como objetivo o mesmo objetivo de Deus? Não deveríamos buscar o mesmo que Deus busca?"
Contestação. Esta objeção não só é enganosa, senão fútil e tortuosa. Deus é benevolente para outros. Ele procura a felicidade de outros, a nossa. Se formos como Ele, temos que procurar isto mesmo, deleitar-nos em sua felicidade e glória, e a glória e honra do universo, segundo seu valor real.
OBJEÇÃO 5. "Por que a Bíblia apela continuamente às esperanças e temores dos homens, se o considerar nossa própria felicidade não é motivo próprio para a ação?"
Resposta número 1. A Bíblia apela aos elementos mentais constitutivos do homem, mas não a seu egoísmo. O homem teme o dano, e não há nada mal em evitá-lo. Podemos ter o devido respeito a nossa felicidade, segundo seu valor.
Resposta número 2. Novamente, a humanidade tem sido embrutecida pelo pecado, e Deus não pode conseguir que os homens considerem seu verdadeiro caráter e as razões que tem para amá-lo, a menos que apele a suas esperanças e temores. Mas quando são despertados, então se lhes apresenta o Evangelho. Quando um ministro predica os terrores do Senhor até que tenha conseguido alarmar a seus ouvintes e desapertá-los, então eles prestarão atenção, e quando foi bastante longe nesta direção; então deve apresentar-lhes o caráter de Deus completo diante de seus olhos, para conseguir que seus corações Lhe amem por sua própria excelência.
OBJEÇÃO 6. "Não dizem os autores inspirados: Arrependam-se e creiam no Evangelho e sereis salvos?"
Resposta. Sim, mas se requer o "verdadeiro" arrependimento; isto é, o abandonar o pecado porque é odioso em si. Não é um arrependimento verdadeiro o abandonar o pecado como condição do perdão, ou dizer: "Vou sentir remorso pelos meus pecados, se me perdoes." De modo que se requer verdadeira fé e verdadeira submissão; não uma fé condicional, ou uma submissão parcial. Isto é o que a Bíblia diz. Diz que seremos salvos mas deve ser por meio do arrependimento desinteressado, a submissão desinteressada.
OBJEÇÃO 7. "Não apresenta o Evangelho o perdão como um motivo para a submissão?"
Resposta. Depende do sentido em que se usa a palavra motivo. Caso queira se dizer que Deus apresenta diante dos homens seu caráter, e toda a verdade, como razões para motivar o pecador ao amor e ao arrependimento, digo: Sim. Sua comparação e sua boa vontade para perdoar são razões para amar a Deus, porque são parte de sua gloriosa excelência, que temos que amar. Mas se queremos dizer por "motivo" uma condição, e que o pecador está arrependido sobre a condição de ser perdoado, então digo que a Bíblia não defende em nenhuma para este ponto de vista sobre o assunto. Nunca autoriza o pecador a dizer: "Me arrependerei se me perdoares", e não oferece o perdão como motivo para o arrependimento neste sentido.
Vou terminar com dois comentários.
1. Vemos, ao falar deste tema, porque os que professam religião têm pontos de vista tão diferentes com respeito a natureza do Evangelho.
Alguns o consideram como um mero assunto de acomodação ou facilitação para a humanidade, por meio do qual Deus se faz menos estrito do que era baixo à lei; de modo que podem seguir a moda e viver como mundanos, e que o Evangelho virá para compensar as diferenças e salvá-los. Os outros vêem o Evangelho como uma provisão da benevolência divina, cujo principal intenção é destruir o pecado e promover a santidade; e que portanto, em vez de fazê-los possível o ser menos santos do que eram de baixo da lei, todo seu valor consiste no poder de fazê-los santos.
2. Vemos porque algumas pessoas têm muito mais interesse em converter aos pecadores, que em ver a igreja santificada e que glorifica a Deus, por meio das boas obras de seu povo.
Muitos sentem uma simpatia natural pelos pecadores e querem salva-los do inferno; e se são ganhos já não tem com que se preocupar. Mas os verdadeiros santos se sentem mais afetados pelo pecado como uma desonra a Deus. E estes estão mais afligidos ao ver que os cristãos pecam, porque ainda desonram mais a Deus. Parece que alguns não se preocupam muito de como vive a igreja com tanto que a obra da conversão siga adiante. Há os que não sentem ânsias de que Deus recebe honra por cima de tudo. Mostram que não são ativados por amor à santidade, senão por mera compaixão pelos pecadores.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Depois do Armagedom (ARREBATAMENTO)

DEPOIS DO ARMAGEDOM: A GLÓRIA MAIS ADIANTE

Não é concebível que exista ainda uma outra dimensão possível, um mundo no qual a questão do sentido final do sofrimento humano tivesse uma resposta?1 VIKTOR E. FRANKL

A MORTE NÃO é o fim da história para o cristão, pois somos apenas "peregrinos" passando por este mundo com sua dor e sofrimento. Existe uma vida além da morte! Esta é a promessa explícita da Escritura. O homem moderno tem um medo inerente e uma curiosidade insaciável com relação ao que existe além do túmulo. Mas os cristãos podem saber com certeza o que lhes espera do outro lado. O apóstolo Paulo fitou o espectro da morte e exultou: "Onde está, ò morte, a tua vitória? Onde está, ò morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a lei; mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo." (I Coríntios 15:55-57)
Diz-se que um jovem sofrendo de moléstia incurável falou:
– Acho que eu não teria medo de morrer se soubesse o que esperar depois da morte.
Evidentemente, este jovem não ouvira falar do céu que Deus preparou Para aqueles que O amam. O homem tinha dentro de si o medo da morte. E, no entanto, para o cristão, não é preciso haver medo. Cristo nos deu esperanças. Jesus falou: "Vou preparar-vos lugar; depois que eu for, (...) voltarei e tomar-vos-ei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também." (João 14:2,3) E esse lugar, segundo Paulo, é muitíssimo melhor do que qualquer outra coisa na terra. Escreveu ele: "Desejo partir e estar com Cristo, pois é muitíssimo melhor."(Filipenses 1:23)
Para o cristão, o túmulo não é o fim, nem a morte é uma calamidade, pois ele tem uma esperança gloriosa – a esperança do céu.
Garantimos a nossa entrada no céu no momento em que entregamos as nossas vidas a Cristo.
O céu foi representado de muitas maneiras, em livros e filmes. Todavia, a Bíblia nos dá um vislumbre de sua glória que nenhum autor de ficção poderia imaginar.

O Céu É um Lar

Primeiro, o céu é um lar. A Bíblia toma a palavra lar com todas as suas associações ternas e lembranças sagradas, aplica-a ao além e nos diz que o céu é o lar.
Pouco antes de Cristo ir para a cruz, Ele reuniu Seus discípulos no quarto superior e falou sobre um lar. Disse ele: "Na casa de meu Pai há muitas moradas." (João 14:2) Quando Jesus falou do céu como "a casa de meu Pai", estava se referindo a ele como um lar. A casa do Pai é sempre o lar dos filhos. Paulo falou que os crentes que partiram desta vida estavam "em casa" com o Senhor. (II Coríntios 5:8)
Segundo, o céu é um lar permanente. Uma das tristes realidades sobre as casas que os homens constróem para si mesmos é que não são permanentes. As casas não duram para sempre. Isso se aplica à casa propriamente dita e também à família. Como as crianças logo crescem e saem de casal
Embora nossos lares e famílias possam ser maravilhosos, não são permanentes. Às vezes, olho para meus próprios filhos e mal posso acreditar que estão todos crescidos e vivendo as suas vidas – e que já me fizeram ser avô muitas vezes. Minha mulher e eu estamos sós numa casa vazia que já ressoou com o riso de cinco crianças.
Quando Jesus falou "na casa de meu Pai há muitas mansões", encontramos um sentido muito interessante para a palavra mansão. A palavra grega usada não quer dizer uma casa imponente, mas sim um local de repouso. A expressão é traduzida na margem da Versão
Americana Padrão como "locais de moradia". Em inglês, isso vem do mesmo radical que a palavra remain (permanecer).
Durante o ministério de Cristo na terra, Ele não teve um lar. Certa vez, Ele disse: "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça." (Mateus 8:20)
O Seu lar no céu, todavia, não é transitório, mas permanente.
Os primeiros discípulos que, por amor a Cristo, abandonaram suas casas, terras e entes queridos pouco sabiam das alegrias de um lar e uma vida em família. Os peregrinos cristãos sofrem de muitas formas e Jesus sabia disso, pois Ele sofreu muito mais do que qualquer um de Seus seguidores. Era como se Jesus tivesse dito para eles:
– Não temos um lar permanente aqui na terra, mas a casa de meu pai é um lar onde ficaremos juntos por toda a eternidade.
Em meio a todas as mudanças que, mais cedo ou mais tarde, virão desfazer o lar terreno, temos a promessa de um lar onde os seguidores de Cristo ficarão para sempre. Disse Paulo, certa vez: "E assim ficaremos sempre com o Senhor." (I Tessalonicenses 4:17) Nosso lar permanente não é aqui na terra. Nosso lar permanente é o céu.
Às vezes, quando as coisas não vão bem por aqui, sentimos saudades do céu. Muitas vezes, em meio ao pecado, sofrimento e tristeza desta vida, sentimos um repuxão na alma. Isso é a saudade mesclada à expectativa.
Alguns crentes jazem hoje num leito de hospital, outros estão em hospícios, alguns estão sofrendo de moléstias terríveis ou perdas financeiras, ou padecem em prisões, campos de trabalhos forçados, ou ainda estão como reféns. Estão cansados da terra, com todos os seus problemas e tribulações, e estão ansiando pelo lar. O lar que os espera é o céu.
Terceiro, a Bíblia ensina que o céu é um lar bonito. Quase todo o mundo gosta de embelezar o seu lar. Falta alguma coisa num lar onde não haja flores, nem quadros nas paredes, onde não se tenha feito esforço algum para torná-lo atraente.
Poucos de nós aqui têm casas tão lindas como gostaria, mas todos no céu o acharão mais belo do que jamais podiam imaginar. O céu não poderia deixar de ser assim, porque é a casa do Pai e Ele é um Deus de beleza.
Olhe o mundo ao nosso redor. Deus o fez! Quer vivamos em meio à neve e gelo do Alasca ou sob as palmeiras da Califórnia e da Flórida, temos beleza. Viajei por todos os Estados Unidos e muitas partes do mundo. Eu nunca vi um lugar que não tivesse algum encanto ou beleza, exceto quando foi estragado pelo homem.
Até mesmo um deserto árido ou um topo de montanha isolado têm o seu encanto. Parece que toda a natureza é bela, e apenas a obra do homem é feia.
Nada feito pela mão do homem conseguiu ser tão bonito quanto a luz das estrelas sobre a água ou o luar sobre a neve. E a mesma mão que fez as árvores e os campos e flores, os mares e as colinas, as nuvens e o firmamento fez um lar para nós chamado céu.
É um lugar tão lindo que, quando o apóstolo João o vislumbrou, a única coisa a que pôde compará-lo foi a uma jovem no momento máximo de sua vida: o dia de seu casamento. Ele falou que a cidade santa era como "uma noiva adornada para o seu noivo." (Apoc. 21:2)
Quarto, a Bíblia prega que a céu será um lar feliz. Conheço muitas casas lindas que não são felizes. São lindas devido a tudo que a cultura e a fortuna podem oferecer, no entanto, falta-lhes alguma coisa. Essas casas me fazem pensar nas palavras do sábio: "Melhor é um bocado de pão seco com tranqüilidade, do que uma casa cheia de festins com rixas." (Provérbios 17:1)
A casa de Deus será um lar feliz porque nela nada haverá para impedir a felicidade. (Apoc. 21:4) Este mundo oferece muita felicidade para aqueles que sabem como encontrá-la – mas é, basicamente, um planeta infeliz, onde prevalecem o sofrimento e a dor. Pense num lugar onde não haverá pecado, nem tristeza, nem brigas, nem incompreensões, nem mágoas, nem dor, nem doenças, nem sofrimento, nem morte.
A casa do Pai será feliz porque é um lugar de música e canções. Cantamos quando estamos felizes. No céu, todo o mundo está cantando. Os seus habitantes cantam "uma nova canção", atribuindo a glória a Ele que foi morto e que resgatou os homens para Deus com Seu sangue. (Apoc. 5:9) Depois, escutamos a voz de uma grande multidão, como o som de muitas águas, gritando: "Aleluia! Pois o nosso Senhor Deus Todo-Poderoso reina." (Apoc. 19:6) Parece que o céu é um longo coro de Aleluia!
A casa do Pai será um lar feliz porque também haverá serviço a ser feito. Sem dúvida, isso se aplica a todo lar bem organizado da terra. Mas será um tipo de trabalho que jamais experimentamos na terra. Trabalharemos sem fracassos, frustrações ou fadiga.
O Apocalipse 22:3 nos diz que, no céu, não haverá "maldição". Isso é uma referência ao julgamento de Adão por Deus, no Jardim do Éden. Depois do Pecado Original, o trabalho de Adão tornou-se duro e desgastante. Sem dúvida, isso era uma medida de precaução por parte de Deus, criada para manter o rebelde Adão "na linha". Deus ordenou que o trabalho dele exigisse mais tempo e esforço, deixando-lhe menos tempo para pecar.
Porém, no céu, o nosso trabalho será criativo, estimulante e produtivo.
Em Apocalipse 22:3, João escreveu: "Seus servos o servirão." Cada um receberá a tarefa que se adapta a suas forças, gostos, e talentos. Talvez Deus nos dê novos mundos para conquistar. Talvez nos mande explorar algum planeta ou estrela distante, para ali proclamar a Sua mensagem de amor eterno. O que quer que façamos e aonde quer que vamos, a Bíblia diz que O serviremos.
Pense em trabalhar para sempre em algo que você adora, para alguém que ama de todo o coração, sem jamais se cansar! Jamais conheceremos o cansaço no céu.
E a casa do Pai será um lar feliz porque os amigos estarão presentes. Já esteve num lugar estranho e sentiu o prazer de enxergar um
rosto conhecido? Nenhum de nós que entre na casa do Pai se sentirá sozinho ou estranho, pois nossos amigos também estarão ali.
Muitas pessoas me escrevem perguntando: "Será que nos reconheceremos no céu?" Claro que nos reconheceremos no céu. No Monte da Transfiguração, não se reconheceram Elias e Moisés? E na história que Jesus contou do rico e de Lázaro, não reconheceu o rico a Lázaro e Abraão, depois da morte?
Se você crê, irá rever aqueles que aceitaram a Cristo. Famílias e amigos serão reunidos no céu.
A casa de Deus será um lar feliz porque Cristo estará presente. Ele será o centro do céu. Para Ele, todos os corações se voltarão e sobre Ele todos os olhos pousarão.
O que fará o céu tão aprazível? Não serão os portões perolados; não serão os muros de jaspe; será o fato de que iremos ver o Rei em toda a Sua beleza, face a face.
Em Apocalipse 22, ficamos sabendo que "veremos o Seu rosto." (v.4) O nosso relacionamento com Cristo será íntimo.
Você já esteve em meio de uma multidão numa parada ou numa convenção, esforçando-se para enxergar um ilustre dignitário? Ou já compareceu a uma palestra ou conferência e desejou que, de alguma forma, o principal orador pudesse reparar em você?
Embora haja milhões de cristãos no céu, não teremos que nos contentar em ver de relance aquele que amamos. Jesus conhecerá cada um de nós, pessoalmente, e nós O conheceremos de uma maneira mais profunda do que nunca. "Agora vemos como por um espelho em enigma, mas então face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, assim como fui plenamente conhecido." (I Cor. 13:12)
A Bíblia também diz que o céu será um lar feliz porque seremos imunes ao sofrimento.
Durante o movimento pelos direitos civis, Martin Luther King costumava exclamar que esperava ansiosamente pelo céu, onde seria, "enfim, livre". Esta é a inscrição no seu túmulo, em Atlanta.
Em Apocalipse 7:17 e 21:4, escreve João: "Porque o Cordeiro que está no meio do trono os pastoreará e os conduzirá às fontes da água da vida, e Deus enxugará toda a lágrima dos olhos deles.(...) Não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem choro, nem dor, porque as primeiras coisas são passadas." Quando chegarmos ao céu, todo o nosso sofrimento cessará.
Também ficaremos imunes ao pecado, que nos trouxe inicialmente o sofrimento. Nós, que fomos perturbados e tentados pelo pecado em nossa peregrinação por este mundo, não mais seremos afetados por esse problema de inspiração satânica. Nosso inimigo será lançado ao inferno, para ficar eternamente separado de Deus e Seu povo. Porque Jesus venceu Satanás definitivamente na cruz, nós viveremos num ambiente em que o pecado estará permanentemente afastado de nossas vidas.

O Céu – Um Lugar de Imortalidade

Deus nos prometeu novos corpos para nosso novo lar. O céu será um lugar de imortalidade.
Disse Paulo aos Coríntios: "Pois é necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que este corpo mortal se revista da imortalidade. Mas quando este corpo corruptível se revestir da incorruptibilidade, este corpo mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita. Tragada foi a morte na vitória." (l Cor. 15:53,54)
O que isso quer dizer é que, tão logo cheguemos ao céu, não mais seremos incomodados ou inibidos por limitações físicas ou corporais. Pode imaginar uma coisa dessas? Os corpos aleijados, doentes, desgastados serão fortes e belos e vigorosos.

Era uma vez uma viúva e o filho que moravam num sótão infecto. Anos atrás, ela se casara contra a vontade dos pais e fora morar com o marido num país distante.
Ele provou ser irresponsável e infiel, e, depois de alguns anos, morreu sem deixar nada para ela ou para a criança. Era com a máxima dificuldade que ela conseguia arranjar o suficiente apenas para sobreviverem.
As horas mais felizes da vida da criança eram quando a mãe a punha no colo e lhe contava sobre a casa do pai dela na sua terra natal. Ela falava do relvado, das árvores imponentes, das flores silvestres, dos belos quadros e das deliciosas refeições.
A criança jamais vira a casa do avô, mas para ela era o local mais lindo de todo o mundo. Ansiava pelo dia em que fosse morar ali.
Certo dia, o carteiro bateu à porta do sótão. A mãe reconheceu a letra da carta que ele trazia e, com os dedos trêmulos, rompeu o lacre. A carta continha apenas um cheque e um pedaço de papel com três palavras: "Venham para casa."
Algum dia, teremos uma experiência semelhante... uma experiência partilhada por todos aqueles que conhecem a Cristo. Não sabemos quando virá o chamado. Pode ser quando estivermos no meio do nosso trabalho. Pode ser depois de semanas ou meses de doença. Mas um dia uma mão carinhosa será colocada sobre nosso ombro e esta breve mensagem será dada: "Venha para casa."
Todos nós que conhecemos a Cristo pessoalmente não precisamos ter medo de morrer. A morte para o cristão eqüivale a "ir para casa."

O Céu – Uma Cidade Santa

O Livro do Apocalipse descreve o céu como uma cidade, a nova Jerusalém - um ambiente perfeito, no qual reside uma sociedade perfeita.
"Vi um novo céu e uma nova terra: porque o primeiro céu e a primeira terra já se foram, e o mar já não é. Vi também a Cidade Santa, a nova Jerusalém, descendo do céu da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para seu noivo." (Apoc. 21:1,2)
As características da nova Jerusalém estão descritas nos capítulos 21 e 22. Elas revelam que o céu será um lugar cujos habitantes serão livres dos temores e inseguranças que nos perseguem e atormentam nossas vidas atuais.
No céu, não haverá o medo de uma crise de energia. Os recursos naturais do céu jamais serão esgotados. E não haverá competição quanto à distribuição desses recursos. Ficamos sabendo que, na "rua principal" da Nova Jerusalém, se situará a árvore da vida. Todas as nações terão acesso a ela. João a descreve como "a árvore da vida, que dava 12 frutos, produzindo em cada mês o seu fruto; e as folhas da árvore servem para a cura das nações." (22:2) A harmonia reinará entre a população do céu, e não haverá medo de inquietação política e tumultos.
Os habitantes da cidade estarão livres das pressões econômicas e financeiras que nos oprimem, aqui na terra. Muitos de vocês estão lutando para sustentar a família. Você não precisará se preocupar em arranjar um segundo emprego para poder alimentar a família, quando chegar ao céu. A Bíblia diz que Deus nos convidará para "beber gratuitamente da fonte da água da vida." (21:6) Não teremos que trabalhar para sobreviver. É claro que seremos ativos. Mas trabalharemos apenas pelo puro prazer de criar e produzir. Num certo sentido, o nosso trabalho será a nossa recreação.
No céu, estaremos livres do medo dos danos físicos. Isso pode ser deduzido de vários fatores. Não haverá noite. (22:5) O mal espreita quando a escuridão cai sobre uma cidade. A maioria de nossos crimes ocorre depois do pôr-do-sol. Mas na Nova Jerusalém não haverá noite e, sem ela, os incendiários, ladrões e estupradores não poderão agir. Na verdade, não haverá gente má no céu para nos assustar e ferir. (21:8,27)
E os portões dessa cidade jamais se fecharão. (2l:25) As cidades antigas eram fortificadas por meio de muros altos e portões, que eram fechados e trancados à noite, protegendo, desse modo, os seus habitantes de bandos de ladrões e inimigos. Não haverá a quem temer na cidade celestial, portanto, os portões permanecerão abertos. Poderemos entrar e
Acho que, quando chegarmos ao céu, teremos o nosso potencial totalmente realizado. Saberemos o tipo de pessoa que realmente sair da cidade em segurança completa. É preciso lembrar que as cidades antigas dependiam da luz natural, do sol e da lua, para sua fonte de iluminação. Porém, na Nova Jerusalém, a glória de Deus iluminará todas as ruas e becos. Caminharemos na paz e segurança da Sua presença.
Uma das maiores inseguranças do homem é o seu medo do fracasso pessoal. Às vezes, em nossos diversos empregos, responsabilidades, relacionamentos e atividades existem obstáculos ao nosso sucesso. Falhamos, por um motivo ou outro. Somos tomados de culpa, vergonha e uma sensação de insegurança ainda mais profunda. Porém, no céu, não conheceremos o fracasso. Teremos êxito no que nos propusermos fazer, pois não haverá "maldição". (22:3)
Como já ressaltamos anteriormente, o julgamento do homem por Deus será suspenso. Nosso trabalho será livre de frustração, e não haverá nenhuma sensação de fracasso. Nosso trabalho será revigorante e inspirador.
Espiritualmente, não haverá medo de separação ou sentimento de distância de Deus. Nosso relacionamento com Ele será íntimo e direto. Não haverá templos na nova Jerusalém. (21:22) As cidades antigas estavam cheias de templos, construções nas quais os homens tentavam chegar a Deus. No céu, não haverá necessidade de templos, pois o povo de Deus viverá na Sua presença e O louvará continuamente. Não haverá "períodos de seca" na nossa existência espiritual, pois viveremos em comunhão ininterrupta com o Senhor.
Você já se perguntou se não se teria saído bem melhor na escola, se tivesse realmente se aplicado aos estudos? Às vezes, acha que, se tivesse sido mais disciplinado nos seus treinos, poderia ter chegado à equipe principal de atletismo da escola? Como seria se você pudesse ser consistente no exercício de virtudes piedosas, como a paciência, a meiguice e autocontrole? Quais são os talentos e capacidades latentes que você possui que poderiam beneficiar a si mesmo e aos outros?
poderemos ser, quando Deus obtiver o controle integral de nossas vidas. O Apocalipse descreve os habitantes celestiais, a nova sociedade, como gemas preciosas irradiando a sua beleza na presença de uma grande luz. Fala da "cidade Santa, Jerusalém, descendo do céu da parte de Deus, e tendo a glória de Deus. O seu brilho era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina". (21:10,11)
Quando uma noiva quer exibir o seu anel de brilhantes é comum que ela leve a sua platéia para junto de uma janela ou de um abajur. A pedra preciosa fica mais linda refletindo a luz. Isso bem poderia expressar como Deus fará ressaltar o que há de melhor em cada um de nós. Não haverá pecado para desfigurar a beleza de Seu povo, e nós refletiremos a Sua Glória.
Segundo a Bíblia, o céu é uma cidadela na qual moraremos em segurança, libertados dos temores que nos oprimem. Seremos livres para nos tornarmos o povo integro, produtivo e feliz que Deus quer que sejamos.

O Céu – Um Jardim Glorioso

O Apocalipse também representa o céu como sendo um jardim, onde a árvore da vida e o rio da vida refrescarão abundantemente os seus habitantes. Deus caminhará com o Seu povo em perfeito companheirismo. Em Gênesis, lemos que o meio ambiente perfeito do homem foi destruído. No Apocalipse, lemos que o Jardim do Éden será recuperado.
Ao ladrão penitente na cruz, disse Jesus: "Ainda hoje estarás comigo no paraíso." (Lucas 23:43) Paraíso é derivado de uma palavra persa que significa um jardim. Jesus estava prometendo ao ladrão um lugar no jardim de Deus.
Eis uma outra bela imagem do que é o céu, dita por Isaac Watts num de seus hinos: "Ali moram fontes eternas e flores que nunca
fenecem." Nesse ambiente aprazível, moraremos com Cristo em perfeita harmonia e felicidade.

O Céu – Uma Bela Noiva

A sociedade celeste também é representada como uma noiva paramentada para o dia de seu casamento. (21:2,9) Por que Deus chama o Seu povo de noiva? Esta é uma descrição especialmente preciosa e significativa do nosso relacionamento com Deus e as responsabilidades associadas a ele.
1. A noiva é um objeto do amor do marido. Na cultura oriental (a cultura na qual foi escrito o Apocalipse), os casamentos, muitas vezes, são arranjados muitos anos antes da sua realização em si. Isso é uma imagem do amor de Deus por nós. Em 1 João 4:19, lemos que "Amamos (a Deus) porque ele primeiro nos amou." (o grifo é meu). Em Efésios, ficamos sabendo que o amor de Deus por nós se estende até mesmo antes do início dos tempos. Isso nos diz que somos especiais para Deus, que somos preciosos para Ele, que aos Seus olhos temos valor. Você se dá conta de que Deus o ama?
A noiva é levada para um relacionamento amoroso com o marido. O noivado solidificou o relacionamento. É por intermédio de Cristo que nosso relacionamento com Deus se estabelece.
Você já convidou Cristo para a sua vida e estabeleceu um relacionamento permanente com Deus? Tem certeza do seu futuro lar? Sabe, sem sombra de dúvida, que a glória mais adiante está garantida para você?
A Bíblia nos diz que o céu nos dará uma nova experiência com Deus, igual a uma noiva que começa uma nova vida com o marido. A vida cristã é uma vida muito emocionante. E o céu revelará aventuras totalmente novas para nós.
2. A noiva se prepara para o dia do casamento. Você já viu uma noiva entrar na igreja usando um vestido sujo? Raramente! Deus nos dá
a responsabilidade de nos prepararmos para viver com Cristo no céu, para que sejamos apresentados ao noivo "santos e sem defeito." (Efésios 5:27) O apóstolo Pedro, ao escrever sobre o novo céu e terra que virão, exortou a seus leitores: "Por isso, amados, visto que estais esperando estas cousas, procurai diligentemente que por ele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz." (II Pedro 3:14, o grifo é meu) "Vos convém ser em santo procedimento e piedade, esperando e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus." (vv. 11,12)
3. A noiva convida os amigos para o casamento. Deus quer que convidemos os outros para o grande banquete de núpcias que está preparando. Ao seu redor, existem muitas pessoas que não conhecem a Cristo – amigos, vizinhos, colegas de trabalho, membros da família. Eles não têm esperança do céu ou garantia da presença e ajuda de Deus nesta vida.
Você está orando por eles? Está buscando partilhar Cristo com eles? Está sendo testemunha da realidade do amor e poder de Deus em sua própria vida? Lembre-se de que a tarefa do evangelismo não diz respeito apenas a algumas pessoas chamadas por Deus para serem evangelistas ou pastores – é o privilégio e responsabilidade de todo o crente. Disse
Paulo, referindo-se aos cristãos tessalonicenses: "Pois de vós fez-se ouvir a palavra do Senhor não somente na Macedônia e na Acaia, mas também em todos os lugares divulgou-se a vossa fé para com Deus." (l Tess. 1:8) Que isso possa se aplicar a cada um de nós, à medida que convidamos os outros a virem a Cristo pela fé.
Creio que estamos vivendo na geração mais desafiadora da história. À medida que o mundo se arremessa na direção do Armagedom, nossa atenção deve centrar-se em contar a todos sobre Aquele que está esperando para nos trazer alívio deste mundo de sofrimento.
Na Bíblia, Deus nos dá uma visão de como será o céu para aquele que crê. Ele terá as características de um lar feliz, uma cidade santa, um jardim glorioso e uma bela noiva. Isso chega a atordoar a imaginação!
Deus preparou um lugar que nos dará alívio do sofrimento e uma vitalidade renovada para servir ao Salvador. Como escreveu Paulo, com tanta habilidade: "Tenho para mim que os sofrimentos da vida presente não têm valor em comparação com a glória que há de ser revelada em nós." (Romanos 8:18)
Um autor religioso desconhecido escreveu:
O céu é um lugar de completa vitória e triunfo. Aqui é o campo de batalha; lá é a procissão triunfal. Aqui é a terra da espada e da lança; lá é a terra da grinalda e da coroa. Ah, que emoção e alegria atravessarão os corações de todos os bem-aventurados quando suas vitórias estiverem completas no céu, quando a própria morte, o último dos inimigos, for abatida; quando Satanás for arrastado, cativo, preso às rodas da carruagem de Cristo; quando de tiver vencido o pecado; quando o grande grito de vitória universal se erguer dos corações de todos os redimidos.

Sim, no mundo atual estamos em meio a um campo de batalha. Freqüentemente experimentamos (como Paulo) o que significa ser "atribulado por todos os lados; combates fora, sustos dentro." (II Cor. 7:5) Porém, Deus estará conosco se tivermos entregue nossas vidas a Cristo. Cristo nos fez Seus e nada "poderá nos separar do amor de Deus, que é em Cristo Jesus nosso Senhor." (Rom. 8:39) O Espírito Santo mora dentro de nós e "o Espírito ajuda a nossa fraqueza." (Rom. 8:26) E, como já vimos, Deus é capaz de santificar o sofrimento e a adversidade que enfrentamos e usá-lo para nos aproximar ainda mais dEle e nos moldar nas pessoas que quer que sejamos.
Porém, mais adiante está a procissão triunfal – a gloriosa vitória e realidade do céu. Algum dia, veremos "um novo céu e uma nova terra, nos quais habite a justiça."(II Pedro 3:13) Algum dia, "a trombeta soará, os mortos serão ressuscitados, incorruptíveis, e nós seremos mudados." (I Coríntios 15:52) Algum dia, receberemos "uma herança incorruptível, imaculada e imarcescível, reservada no céu para vós." (I Pedro 1:4) Algum dia, quando "ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque veremos como ele é." (I João 3:2) Algum dia, o sofrimento e a
dor deste mundo terminarão, e nós estaremos com Deus para sempre no céu.
Até esse dia glorioso – "Até o Armagedom" – vivamos para Cristo. Confiemos nEle. Voltemo-nos para Ele em nossas horas de aflição. E caminhemos jubilosamente de mãos dadas com nosso Senhor Jesus Cristo – independente de nossas circunstâncias – até nos reunirmos com Ele pessoal e fisicamente, por toda a eternidade!

"Tenho para mim que os sofrimentos da vida presente não têm valor em comparação com a glória que será revelada em nós."
ROMANOS 8:18

Comentário sobre o PENTATEUCO

A. A Bíblia
A prova concludente do amor divino encontra-se no fato de que Deus se revelou ao homem, e esta revelação ficou registrada na Bíblia. Nascida no Oriente e revestida da linguagem, do simbolismo e das formas de pensar tipicamente orientais, a Bíblia tem, não obstante, uma mensagem para a humanidade toda, qualquer que seja a raça, cultura ou capacidade da pessoa. Contrasta com os livros de outras religiões porque não narra uma manifestação divina a um só homem, mas uma revelação progressiva arraigada na longa história de um povo. Deus revelou-se em determinados momentos da história humana. Diz C. O. Gillis: "Não se pode entender a verdadeira religião. . . sem entender-se o fundo histórico por via do qual nos chegaram estas verdades espirituais."1
A Bíblia é uma biblioteca de 66 livros escritos por 40 autores num período de 1500 anos; não obstante, nela se desenvolve um único tema, que une todas as partes, a redenção do homem.
O tema divide-se assim:
1. O Antigo Testamento: a preparação do Redentor.
2. Os Evangelhos: a manifestação do Redentor.
3. Os Atos: a proclamação da mensagem do Redentor.
4. As Epístolas: a explicação da obra do Redentor.
5. O Apocalipse: a consumação da obra do Redentor.
Mais de três quartas partes da Bíblia correspondem ao Antigo Testamento. Com exceção dos onze primeiros capítulos do Gênesis, do livro de Jó e de certas partes dos profetas, o Antigo Testamento dedica-se ao trato de Deus com a raça escolhida. Deus elegeu o povo hebreu com três finalidades: ser depositário de sua Palavra; ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações; ser o meio pelo qual viesse o Redentor.
O Antigo Testamento divide-se de acordo com o seu conteúdo: O Pentateuco ou lei: Gênesis a Deuteronômio 5 livros
História: Josué a Ester 12 livros
Poesia: Jó a Cantares 5 livros
Profecia Isaías a Malaquias 17 livros
B. O Pentateuco
1. Título: O nome Pentateuco vem da Versão grega que remonta ao século III antes de Cristo. Significa: "O livro em cinco volumes." Os judeus lhe chamavam "A lei" ou "A lei de Moisés", porque a legislação de Moisés constitui parte importante do Pentateuco.
2. Autor: Embora não se afirme no próprio Pentateuco que este haja sido escrito por Moisés em sua totalidade, outros livros do Antigo Testamento citam-no como obra dele. (Josué 1:7-8; 23:6; I Reis 2:3; II Reis 14:6; Esdras 3:2; 6:18; Neemias 8:1; Daniel 9:11-13.) Certas partes muito importantes do Pentateuco são atribuídas a ele (Êxodo 17:14; Deuteronômio 31:24-26). O escritores do Novo Testamento estão de pleno acordo com os do Antigo. Falam dos cinco livros em geral como "a lei de Moisés" (Atos 13:39; 15:5; Hebreus 10:28). Para eles, "ler Moisés" eqüivale a ler o Pentateuco (ver II Coríntios 3:15: "E até hoje, quando é lido moisés, o véu está posto sobre o coração deles"). Finalmente, as palavras do próprio Jesus dão testemunho de que Moisés é o autor: "Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele" (João 5:46; ver também Mateus 8:4; 19:8; Marcos 7:10; Lucas 16:31; 24:27, 44).
Moisés, mais do que qualquer outro homem, tinha preparo, experiência e gênio que o capacitavam para escrever o Pentateuco. Considerando-se que foi criado no palácio dos faraós, "foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras" (Atos 7:22). Foi testemunha ocular dos acontecimentos do êxodo e da peregrinação no deserto. Mantinha a mais íntima comunhão com Deus e recebia revelações especiais. Como hebreu, Moisés tinha acesso às genealogias bem como às tradições orais e escritas de seu povo, e durante os longos anos da peregrinação de Israel, teve o tempo necessário para meditar e escrever. E, sobretudo, possuía notáveis dons e gênio extraordinário, do que dá testemunho seu papel como líder, legislador e profeta.
3. Teoria documentária da Alta Crítica: Há dois séculos, eruditos de tendência racionalista puseram em dúvida a paternidade mosaica do Pentateuco. Criaram a Teoria Documentária da Alta Crítica, segundo a qual os primeiros cinco livros da Bíblia são uma compilação de documentos redigidos, em sua maior parte, no período de Esdras (444 a. C) No entender desses autores, o documento mais antigo que se encontra no Pentateuco data do tempo de Salomão. Julgam que o Deuteronômio é uma "fraude piedosa" escrita pelos sacerdotes no reinado de Josias tendo em mira promover um avivamento; que o Gênesis consiste mormente em lendas nacionais de Israel.
Muitos estudiosos conservadores acham provável que Moisés, ao escrever o livro do Gênesis, tenha empregado genealogias e tradições escritas (Moisés menciona especificamente "o livro das gerações de Adão", em Gênesis 5:1). William Ross observa que o tom pessoal que encontramos na oração de Abraão a favor de Sodoma, no relato do sacrifício de Isaque, e nas palavras de José ao dar-se a conhecer a seus irmãos "é precisamente o que esperaríamos, se o livro de Moisés fosse baseado em notas biográficas anteriores".2 Provavelmente, essas valiosas memórias foram transmitidas de uma geração para outra desde tempos muito remotos. Não nos cause estranheza que Deus possa ter guiado Moisés a incorporar tais documentos em seus escritos. Seriam igualmente inspirados e autênticos.
Também é notável haver alguns acréscimos e retoques insignifican¬tes de palavras arcaicas, feitos à obra original de Moisés. É universalmente reconhecido que o relato da morte de Moisés (Deuteronômio 34) foi escrito por outra pessoa (o Talmude, livro dos rabinos, o atribui a Josué). Gênesis 36:31 indica que havia rei em Israel, algo que não existia na época de Moisés. Em Gênesis 14:14 dá--se o nome "Dã" à antiga cidade de "Laís", nome que lhe foi dado depois da conquista. Pode-se atribuir isto a notas esclarecedoras, ou a mudanças de nomes geográficos arcaicos, introduzidas para tornar mais claro o relato. Provavelmente foram agregados pelos copistas das Escrituras, ou por algum personagem (como o profeta Samuel). Não obstante, estes retoques não seriam de grande importância nem afetariam a integridade do texto. Assim, pois, são contundentes tanto a evidência interna como a externa de que Moisés escreveu o Pentateuco. Muitos trechos contêm frases, nomes e costumes do Egito, indicativos de que o autor tinha conhecimento pessoal de sua cultura e de sua geografia, algo que dificilmente teria outro escritor em Canaã, vários séculos depois de Moisés. Por exemplo, considere¬mos os nomes egípcios: Potifar (dom do deus do sol, Ra), Zafnate--Paneá (Deus fala; ele vive), Asenate (pertencente à deusa Neit) e On, antigo nome de Heliópolis (Gênesis 37:36; 41:45, 50). Notemos, também, que o autor menciona até os vasos de madeira e os de pedra que os egípcios usavam para guardar a água que tiravam do rio Nilo. O célebre arqueólogo W. F. Albright diz que no Êxodo se encontram em forma correta tantos detalhes arcaicos que seria insustentável atribuí-los a invenções posteriores.3
Também, pelas referências feitas com relação a certos materiais do tabernáculo, deduzimos que o autor conhecia a península do Sinai. Por exemplo, as peles de texugos se referem, segundo certos eruditos, às peles de um animal da região do mar Vermelho; a "onicha", usada como ingrediente do incenso (Êxodo 30:34) era da concha de um caracol da mesma região. Evidentemente, as passagens foram escritas por alguém que conhecia a rota da peregrinação de Israel e não por um escritor no cativeiro babilônico, ou na restauração, séculos depois.
Do mesmo modo, os conservadores mostram que o Deuteronômio foi escrito no período de Moisés. O ponto de referência do autor do livro é o de uma pessoa que ainda não entrou em Canaã. A forma em que está escrito é a dos tratados entre os senhores e seus vassalos do Oriente Médio no segundo milênio antes de Cristo. Por isso, estranhamos que a Alta Crítica tenha dado como data destes livros setecentos ou mil anos depois.
A Arqueologia também confirma que muitos dos acontecimentos do livro do Gênesis são realmente históricos. Por exemplo, os pormenores da tomada de Sodoma, descrita no capítulo 14 do Gênesis, coincidem com assombrosa exatidão com o que os arqueólo¬gos descobriram. (Nisto se incluem: os nomes dos quatro reis, o movimento dos povos, e a rota que os invasores tomaram, chamada "caminho real". Depois do ano 1200 a. C, a condição da região mudou radicalmente, e essa rota de caravanas deixou de ser utiliza¬da.) O arqueólogo Albright declarou que alguns dos detalhes do capítulo 14 nos levam de volta à Idade do Bronze (período médio, entre 2100 e 1560 a. C.).4 Não é muito provável que um escritor que vivesse séculos depois conhecesse tais detalhes.
Além do mais, nas ruínas de Mari (sobre o rio Eufrates) e de Nuzu (sobre um afluente do rio Tigre) foram encontradas tábuas de argila da época dos patriarcas. Nelas se descrevem leis e costumes, tais como as que permitiam que o homem sem filhos desse sua herança a um escravo (Gênesis 15:3), e uma mulher estéril entregasse sua criada a seu marido para suscitar descendência (Gênesis 16:2). Do mesmo modo, as tábuas contêm nomes equivalentes ou semelhantes aos de Abraão, Naor (Nacor), Benjamim e muitos outros. Por isso, tais provas refutam a teoria da Alta Crítica de que o livro do Gênesis é uma coletânea de mitos e lendas do primeiro milênio antes de Cristo. A Arqueologia demonstra cada vez mais que o Pentateuco apresenta detalhes históricos exatos, e que foi escrito na época de Moisés. Há razão ainda para se duvidar de que o grande líder do êxodo foi seu autor?
4. Ambiente do mundo bíblico: Quando Abraão chegou à Palesti¬na, esta já era uma ponte importante entre os centros culturais e políticos daquela época. Ao norte achava-se o império hitita; ao sudoeste, o Egito; ao oriente e ao sul, Babilônia; e ao nordeste o império assírio. Ou seja, que os israelitas estavam localizados em um ponto estratégico e não isolado geograficamente das grandes civiliza¬ções.
A maioria dos historiadores acha que a planície de Sinar, situada entre os rios Eufrates e Tigre, foi o berço da primeira civilização importante, chamada suméria. No ano 2800 a. C. os sumérios já haviam edificado cidades florescentes e haviam organizado o governo em cidades-estados; também haviam utilizado metais e tinham aperfeiçoado um sistema de escrita chamada cuneiforme. Quase ao mesmo tempo, desenvolvia-se no Egito uma civilização brilhante. É provável que quando Abraão se dirigiu para o Egito, tenha visto pirâmides que contavam mais de 500 anos.
A região onde se desenvolveu a primeira civilização é chamada "fértil crescente" (pela forma do território que abrange). Estende-se de forma semicircular entre o Golfo Pérsico e o mar Mediterrâneo, até ao sul da Palestina. O território é regado constantemente por chuvas e rios caudalosos, como o Eufrates, o Tigre, o Nilo e o Orontes, o que possibilita uma agricultura produtiva. No interior desta região está o deserto da Arábia, onde há escassas chuvas e pouca população. Ali, no fértil crescente, surgiram os grandes impérios dos amorreus, dos babilônios, dos assírios e dos persas. O mais importante para nós, todavia, é que ali habitou o povo escolhido de Deus e ali nasceu o Homem que seria o Salvador do mundo.
Toda a região compreendida entre os rios Eufrates e Tigre chama-se Mesopotâmia (meso: entre; potamos: rio). No princípio denominava--se "Caidéia" à planície de Sinar, desde a cidade de Babilônia, ao sul, até ao Golfo Pérsico; mas posteriormente o termo "Caidéia" passou a designar toda a região da Mesopotâmia (a mesma área chamava-se também Babilônia).

Abrangia muito do território do atual Iraque, e era provavelmente o local do jardim do Éden e da torre de Babel. O território da Palestina é relativamente pequeno. Desde Dã até Berseba, pontos extremos no norte e no sul, respectivamente, há uma distância de apenas 250 quilômetros. O território tem desde o mar Mediterrâneo até ao mar Morto, 90 quilômetros de largura; e o lago de Genesaré (mar da Galiléia) dista aproximadamente 50 quilômetros do mar Mediterrâneo. A área total de Canaã eqüivale, em tamanho, à sétima parte do Uruguai ou a um terço do Panamá. Contudo, nesta porção tão pequena do globo terrestre, Deus revelou-se ao povo israelita, e ali o Verbo eterno habitou entre os homens e realizou a redenção da raça humana.

Spurgeon (Biografia)

Charles Haddon Spurgeon, comumente referido como C. H. Spurgeon (19 de junho de 1834 — 31 de janeiro de 1892), foi um pregador batista britânico, nascido em Kelvedon, Essex.
Converteu-se ao cristianismo em janeiro de 1850, aos quinze anos de idade. Aos dezesseis, em 1851, pregou seu primeiro sermão; no ano seguinte tornou-se pastor de uma igreja batista em Waterbeach, Cambridgeshire. Em 1854 Spurgeon, então com vinte anos, foi chamado para ser pastor na capela de New Park Street, Londres, que mais tarde viria a chamar-se Tabernáculo M Desde o início do ministério, seu talento para a exposição dos textos bíblicos foi considerado extraordinário. E sua excelência na pregação nas santas escrituras bíblicas lhe deram o título de o Príncipe dos Pregadores.
Houve época em que o simples fato de optar pela religião evangélica equivalia a colocar a cabeça a prêmio. No século 15, Carlos V, o imperador espanhol, queimou milhares de evangélicos em praça pública. Seu filho, Filipe II, vangloriava-se de ter eliminado dos países baixos da Europa cerca de 18 mil "hereges protestantes". Para fugir da perseguição implacável, outros milhares de cristãos foram para a Inglaterra. Dentre eles, estava a família de Charles Haddon Spurgeon, o homem que se tornaria um dos maiores pregadores de todo o Reino Unido. Charles obteve tão bom resultado em seu ministério evangelístico que, além de influenciar gerações de pastores e missionários com seus sermões e livros, até hoje é chamado de Príncipe dos pregadores.
O maior dos pecadores - Spurgeon era filho e neto de pastores que haviam fugido da perseguição. No entanto, somente aos 15 anos, ocorreu seu verdadeiro encontro com Jesus. Segundo os livros que contam a história de sua vida, Spurgeon orou, durante seis meses, para que, "se houvesse um Deus", Este pudesse falar-lhe ao coração, uma vez que se sentia o maior dos pecadores. Spurgeon visitou diversas igrejas sem, contudo, tomar uma decisão por Cristo.
Certa noite, porém, uma tempestade de neve impediu que o pastor de uma igreja local pudesse assumir o púlpito. Um dos membros da congregação - um humilde sapateiro - tomou a palavra e pregou de maneira bem simples uma mensagem com base em Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra. Desprovido de qualquer experiência, o pregador repetiu o versículo várias vezes antes de direcionar o apelo final. Spurgeon não conteve as lágrimas, tamanho o impacto causado pela Palavra de Deus.
Início de uma nova caminhada - Após a conversão, Spurgeon começou a distribuir folhetos nas ruas e a ensinar a Bíblia na escola dominical para crianças em Newmarkete Cambridge. Embora fosse jovem, Spurgeon tinha rara habilidade no manejo da Palavra e demonstrava possuir algumas características fundamentais para um pregador do Evangelho. Suas pregações eram tão eletrizantes e intensas que, dois anos depois de seu primeiro sermão, Spurgeon, então aos 20 anos, foi convidado a assumir o púlpito da Igreja Batista de Park Street Chapel, em Londres, antes pastoreada pelo teólogo John Gill. O desafio, entretanto, era imenso. Afinal, que chance de sucesso teria um menino criado no campo (Anteriormente, Spurgeon pastoreava uma pequena igreja em Waterbeach, distante da capital inglesa), diante do púlpito de uma igreja enorme que agonizava?
Localizada em uma área metropolitana, Park Street Chapel havia sido uma das maiores igrejas da Inglaterra. No entanto, naquele momento, o edifício, com 1.200 lugares, contava com uma platéia de pouco mais de cem pessoas. A última metade do século 19 foi um período muito difícil para as igrejas inglesas. Londres fora industrializada rapidamente, e as pessoas trabalhavam durante muitas horas. Não havia tempo para as pessoas se dedicarem ao Senhor. No entanto, Spurgeon aceitou sem temor aquele desafio.
Tamanha audiência - O sermão inaugural de Spurgeon, naquela enorme igreja, ocorreu em 18 de dezembro de 1853. Havia ali um grupo de fiéis que nunca cessou de rogar a Deus por um glorioso avivamento. No início, eu pregava somente a um punhado de ouvintes. Contudo, não me esqueço da insistência das suas orações. As vezes, parecia que eles rogavam até verem a presença de Jesus ali para abençoá-los. Assim desceu a bênção, a casa começou a se encher de ouvintes e foram salvas dezenas de almas, lembrou Spurgeon alguns anos depois.
Nos anos que se seguiram, o templo, antes vazio, não suportava a audiência, que chegou a dez mil pessoas, somada a assistência de todos os cultos da semana. O número de pessoas era tão grande que as ruas próximas à igreja se tomaram intransitáveis. Logo, as instalações do templo ficaram inadequadas, e, por isso, foi construído o grande Tabernáculo Metropolitano, com capacidade para 12 mil ouvintes. Mesmo assim, de três em três meses, Spurgeon pedia às pessoas, que tivessem assistido aos cultos naquele período, que se ausentassem a fim de que outros pudessem estar no templo para conhecer a Palavra.
Muitas congregações, um seminário e um orfanato foram estabelecidos. Com o passar do tempo, Charles Spurgeon se tornou uma celebridade mundial. Recebia convites para pregar em outras cidades da Inglaterra, bem como em outros países como França, Escócia, Irlanda, País de Gales e Holanda. Spurgeon levava as Boas Novas não só para as reuniões ao ar livre, mas também aos maiores edifícios de 8 a 12 vezes por semana.
Segundo uma de suas biografias, o maior auditório em que pregou continha, exatamente, 23.654 pessoas: este imenso público lotou o Crystal Palace, de Londres, no dia 7 de outubro de 1857, para ouvi-lo pregar por mais de duas horas.
Sucesso - Mais de cem anos depois de sua morte, muitos teólogos ainda tentam descobrir como Spurgeon obtinha tamanho sucesso. Uns o atribuem às suas ilustrações notáveis, a habilidade que possuía para surpreender a platéia e à forma com que encarava o sofrimento das pessoas. Entretanto, para o famoso teólogo americano Ernest W. Toucinho, autor de uma biografia sobre Spurgeon, os fatores que atraíam as multidões eram estritamente espirituais: O poder do Espírito Santo, a pregação da doutrina sã, uma experiência de religioso de primeira-mão, paixão pelas almas, devoção para a Bíblia e oração a Cristo, muita oração. Além disso, vale lembrar que todas as biografias, mesmo as mais conservadoras, narram as curas milagrosas feitas por Jesus nos cultos dirigidos pelo pregador inglês.
As pessoas que ouviam Spurgeon, naquela época, faziam considerações sobre ele que deixariam qualquer evangélico orgulhoso. O jornal The Times publicou, certa ocasião, a respeito do pastor inglês: Ele pôs velha verdade em vestido novo. Já o Daily Telegraph declarou que os segredos de Spurgeon eram o zelo, a seriedade e a coragem. Para o Daily Chronicle, Charles Spurgeon era indiferente à popularidade; um gênio, por comandar com maestria, uma audiência. O Pictorial World registrou o amor de Spurgeon pelas pessoas.
Importância - O amor de Spurgeon tinha raízes. Casou-se em 20 de setembro de 1856 com Susannah Thompson e teve dois filhos, os gêmeos não-idênticos Thomas e Charles. Fazíamos cultos domésticos sempre; quer hospedados em um rancho nas serras, quer em um suntuoso quarto de hotel na cidade. E a bendita presença do Espírito Santo, que muitos crentes dizem ser impossível alcançar, era para nós a atmosfera natural. Vivíamos e respirávamos nEle, relatou, certa vez, Susannah.
A importância de Charles Haddon Spurgeon como pregador só encontra parâmetros em seus trabalhos impressos. Spurgeon escreveu 135 livros durante 27 anos (1865-1892) e editou uma revista mensal denominada A Espada e a Espátula. Seus vários comentários bíblicos ainda são muito lidos, dentre eles: O Tesouro de Davi (sobre o livro de Salmos), Manhã e Noite (devocional) e Mateus - O Evangelho do Reino. Até o último dia de pastorado, Spurgeon batizou 14.692 pessoas. Na ocasião em que ele morreu - 11 de fevereiro de 1892 -, seis mil pessoas leram diante de seu caixão o texto de Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra.
Alguns dos trabalhos escritos mais conhecidos de Charles Haddon Spurgeon:
• All of Grace — editado em português sob o título Tudo pela Graça
• Miracles and Parables of Our Lord — três volumes
• Spurgeon’s Morning and Evening — livro de leituras devocionais diárias
• The Sword and The Trowel — revista mensal editada por Spurgeon
• The Treasury of David — comentário em vários volumes sobre os Salmos